Existem exames para o diagnóstico dos transtornos mentais?

A Psiquiatria é a área da medicina que se ocupa da prevenção, diagnóstico e tratamento das formas de adoecimento mental. Porém, no diagnóstico destes, existe uma grande diferença entre as outras especialidades médicas – a falta de materialidade, de concretude do produto patológico, principalmente do ponto de vista anatômico. O coração vítima de infarto, os pulmões com enfisema, o estômago com gastrite – todos podem ser acessados através de exames. A mente humana, obviamente, não pode ser avaliada da mesma forma. Ela só pode ser acessada pela observação cuidadosa e pela entrevista clínica – as únicas ferramentas que dispomos no momento para diagnosticar os transtornos mentais. Ou seja – NÃO existem exames que possam mostrar se a pessoa tem uma doença mental ou não.

Entretanto, quem já foi a um psiquiatra, provavelmente necessitou realizar exames complementares de algum tipo. Como regra de investigação diagnóstica, sempre devemos excluir causas físicas, orgânicas, que possam produzir sintomas psíquicos. Por isso os exames complementares são solicitados. O tipo de exame depende muito de cada caso, mas normalmente desejamos avaliar as células sanguíneas, a função da tireoide, do fígado, dos rins, entre outros. Em certos casos, é necessário também um exame de neuroimagem (tomografia ou ressonância de crânio) para excluir AVC, tumores, etc. Essa investigação é muito importante, pois uma doença clínica pode produzir sintomas psíquicos significativos (por exemplo, o hipotireoidismo levando a uma depressão secundária).

Outra situação que gera bastante dúvida é a questão da pesquisa clínica. Existem muitos estudos que mostram que pessoas com transtornos mentais dos mais diversos apresentam certas alterações em alguns exames (sejam laboratoriais ou de imagem). Porém, tudo isso ainda não é conclusivo e aplicável – até o momento, não existem evidências científicas que nos permitam utilizar os exames complementares para diagnosticar as formas de adoecimento mental.

Além de ser especialista em Psiquiatria, também sou especialista em Clínica Médica. Dessa forma, direciono também meus esforços na investigação de doenças clínicas e diagnósticos diferenciais.

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